quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Para uns: sobrevivência. Para outros: lixo


Por: Charline Barbosa

Não são apenas as atividades que os alunos interagem diretamente que torna as discussões (de forma geral) atraentes e consistentes. Foi por isso que pensou-se em exibir o vídeo documentário "Lixo Extraordinário" (Título Original, do inglês: Waste Land), com direção de Karen Harley, João Jardim e Lucy Walker.
O documentário mencionado foi filmado ao longo de 2 anos (com início no mês de agosto de 2007 percorrendo até meados de maio de 2009), e lançado em 22 de outubro de 2010, tendo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte como países de origem.

Durante 94 minutos de documentário é retratado como vivem as pessoas que trabalham diariamente no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, localizado no Rio de Janeiro/RJ. O 'personagem' principal deste vídeo trata-se do artista plástico Vick Muniz, o qual objetiva conhecer a vida das pessoas deste lixão, para assim poder realizar um trabalho.


Encarte do documentário "Lixo Extraordinário". Na imagem: Tião, presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável do Aterro Sanitário de Jardim Gramacho (ACAMJG).
Fonte: http://www.coletivoverde.com.br/wp-content/uploads/2011/08/lixo-extraordinario.jpg 
       Naquele ambiente, a rotina que passa a ser realizada pelo artista plástico Vick Muniz trata-se de fotografar pessoas que trabalham com a procura e a separação de materiais recicláveis no lixão. Durante o documentário, é perceptível que estas pessoas trabalham naquele ambiente, por várias horas/dia, em troca de um reduzido ordenado, o que lhes permite apenas sobreviver.
Além de renomado artista plástico, agora Vick Muniz é conhecido pela premiação que obteve a partir da produção deste documentário. Os prêmios são: Prêmio do Público de Melhor Documentário Internacional no Festival de Sundance, em 2010; Prêmio da Amnistia Internacional e Prêmio do Público de Melhor Documentário/Mostra Panorama, no Festival de Berlim, em 2010; Prêmio do Público de Melhor Documentário no Full Frame Documentary Festival, nos EUA, em 2010; Silver Audience Award no Stockholm Film Festival, em 2010.
Desta forma, é diante do impacto que o documentário produziu no cinema que o mesmo foi exibido pelos dias 14 de agosto, na Casa da Cultura Antônio Baccin, em Realeza/PR. Neste dia, todos os alunos e professores que se fariam presentes naquela manhã de sexta-feira no Colégio João Paulo II, puderam contemplar a simplicidade e o trabalho árduo de pessoas que nem sempre são lembradas, ou se quer são reconhecidas.
O impacto causado no cinema pelo documentário, o qual induziu a exibição do vídeo à este grupo de alunos e professores, foi provocado pela destruição das fechaduras das portas que trancam estas pessoas em um mundo onde a realidade é desmedida e as vezes nem é conhecida. As profundas e marcantes imagens que são exibidas nos permitem ver qual a verdadeira realidade de milhares de pessoas que submetem constantemente sua vida num lixão, onde correm riscos de infecções das mais diversas origens e colocam em risco a própria vida. Além da fácil possibilidade dos acidentes que podem ser provocados pelos enormes caminhões que amontoam aquela infinidade de sobrevivência.
Para nós um descarte rotineiro que, rotineiramente, chamamos de "LIXO" , para eles, trabalhadores catadores, uma questão de sobrevivência. Para nós, lixo; para os catadores migalhas de sobrevivência daqueles muitas coisas que talvez nunca irão comprar, pois poderão nunca saber o que são, pois poderão nunca sair daquele lugar. É assim que vivem os trabalhadores.
Podemos ver como uma divergência esta situação, diante da bela, rica e harmoniosa sociedade em que vivemos. Mas mais divergente ainda pode ser a felicidade e a esperança que pode ser percebida em cada uma daquelas pessoas que aparecem no documentário.
Se quiser compreender, refletir e argumentar sobre o documentário, assista o trailer (https://www.youtube.com/watch?v=_pyR9qCd2F8) ou o documentário na íntegra (https://www.youtube.com/watch?v=_4Xkml9dJLM).

É a partir de reflexões como estas que serão discutidas, nós próximos dias, com os alunos do Ensino Médio do colégio, situações que nos fazem pensar sobre como o lixo é produzido, sobre qual o destino do que produzimos, se este destino é o destino correto, se lixão e aterro sanitário tratam-se da mesma coisa. Afinal, como diz Valter dos Santos: - "99, não é 100!".
Enfim, poderão ser trabalhadas outras infinidades de percepções que podemos ter a partir de um documentário como este, e a partir do que vemos e vivemos todos os dias da nossa vida.


Tião: - "A gente não é catador de lixo, é catador de material reciclável. Lixo é aquilo que não tem reaproveitamento, material reciclável sim".
 Tião Santos - Presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável do Aterro Sanitário de Jardim Gramacho (ACAMJG).

Seguem algumas imagens referentes ao documentário e a exibição do mesmo:
Da esquerda para a direita, as pibidianas: Poliane, Tatiana, Rafaela e Charline.

Alun@s e professor@s do Colégio João Paulo II assistindo o documentário.
Alun@s e professor@s do Colégio João Paulo II assistindo o documentário.

Magna (Catadora do Aterro Sanitário de Jardim de Gramacho).
Fonte: http://www.filmologia.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Lixo-Extraordin%C3%A1rio.jpg

Suelem  (Catadora do Aterro Sanitário de Jardim de Gramacho) e seus dois filhos.
Fonte: http://www.coletivoverde.com.br/wp-content/uploads/2011/08/lixo-extraordionario5.jpeg
Zumbi  (Catador do Aterro Sanitário de Jardim de Gramacho).
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF7jo67zKgHEnOpQqdfFC15pLBgcMTdt3imM5znBNjZu53swSq9hdoUqCngUGpg6qiSRl1u6uC-xBqTJPhrso37PuNpXlyS4aYB3EpWbxXzPFiNWSod0ZKzYaHXuwpCKp2LQBzABOlkHI/s1600/lixo6.jpg

Valter dos Santos  (Catador do Aterro Sanitário de Jardim de Gramacho).
Fonte: http://www.ufrb.edu.br/janelasculturais/wp-content/uploads/2012/11/walter-dos-santos2.jpg

Fonte: http://www.coletivoverde.com.br/wp-content/uploads/2011/08/lixo-extraordinario3.jpg


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